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MANUEL RAMOS OTERO
( Puerto Rico )
( 1948 – 1990 )
Jesús Manuel Ramos Otero nasceu em Manatí, Porto Rico, e passou sua infância em sua cidade natal, morando no segundo local do antigo prédio do cassino porto-riquenho de Manatí. Iniciou seus estudos no Colegio La Inmaculada, em Manatí. Sua família se mudou para San Juan aos sete anos de idade. Mais tarde, cursou a Universidade de Porto Rico, no Campus Río Piedras (1960–1965) e obteve um bacharelado em ciências sociais (com especialização em sociologia e especialização em ciências políticas) pela Universidade de Porto Rico, graduando-se em 1969. Em 1979, ele recebeu um mestrado em literatura pela Universidade de Nova Iorque. Enquanto morava na cidade de Nova York, ele trabalhou como pesquisador social e, posteriormente, como professor em diversas universidades, incluindo a Rutgers University, a LaGuardia Community College, a York College e a Lehman College. Ele também estabeleceu uma pequena editora, El Libro Viaje. Ele organizou conferências e encontros de escritores porto-riquenhos nos Estados Unidos, como Giannina Braschi e Luis Rafael Sánchez. Ele é mais lembrado como poeta e autor de contos, mas também escreveu um romance e vários ensaios sobre crítica literária.
Produção literária
Muitos, mas não todos, os trabalhos de Ramos Otero se concentram em personagens autobiográficos de gays porto-riquenhos que são escritores e vivem na cidade de Nova York.
Poesia
Invitación al polvo. Madrid: Editorial Plaza Mayor, 1991.
O livro da morte. Rio Piedras: Editorial Cultural; Maplewood, NJ: Waterfront Press, 1985.
Ver biografía completa en
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Ramos_Otero
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
POESÍA CENTROAMERICANA Y PUERTORRIQUEÑA. Antología esencial. Org. Selena Millares. Madrid: Visor Libros, 2013. 671 p.
(Colección La Estafeta del Viento, vol. XV) 14x21 cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda
KAVAFIS
Si vas a volver a Borikén,
ya llevas recorrido la mitad del camino;
el exilio ha sido generoso contigo y tú mismo
comprendes
que sólo te hacen falta los huesos del destino.
Piensa, que ningún compañero compartirá tu
soledad,
que la ciudad te amó y entre sus ruinas fuiste
espíritu de luz, sin haber estado muerto,
y de noche fue tuyo el cuerpo de la noche.
No temas al Ángel que cada madrugada
dejó sobre tu cama las palabras prohibidas
que te hicieron poeta,
tu corazón siempre ha sido azul de mar
y sus sirenas no quieren tu naufragio.
No eres el escogido, y sin embargo eres
el que regresará con lámparas de gas
a desviar el curso de tantos huracanes.
No dejes que el perfume impaciente de los
flamboyanes
precipite la imagen, encontrarás cántaros
llenos de agua de parchas para calmar la sed
y cuevas de golondrinas de una playa lejana
devolverán la paz de tu niñez.
Y sobre todo, conocerás viajeros cuyo regreso
será testigo de aquel recuerdo es carbón para tu
hoguera.
Piensa que ningún compañero compartirá tu
soledad,
pero además, camino a Borikén tu barco se
cruzará
con otro barco rumbo a Ítaca, y sabrás
que vuelven los guerreros, que sólo reposaron
en el puro gozo de la carne.
Y si al llegar, Borikén es la misma
que te obligó al exilio, sacrifícala;
sólo de cuna y tumba te ha servido la tierra,
y entre ambas, un hombre entre los hombres
ha cultivado arrugas en la nada.
No habrás perdido tiempo deshilvanando
tiempo,
volviendo a Borikén has vuelto a tu centro;
Borikén es el nombre que te dieron los dioses.
( De El libro de la muerte)
HOY POLVO ENAMORADO
Hoy polvo enamorado de tu polvo
y ayer tan solo callejero caminante
ojos enfrente de otros ojos solitarios
leche final corriéndonos delante.
Pulso fatal que ablanda el corazón inesperado
distancia recorrida de tu cuneta a mi puerta
reflejo fiel de todo lo que soy en todo el otro
instantáneo bolero en las tinieblas.
¿Qué soy que no eres tú si tú no eres
espejismo de piedra quel mar quiebra
si al ser menos divino más perduras
si al sobarnos los cuerpos menos queda?
Enamorado amor saciándose en su amado
fugaz amante del veneno en las venas
nos quedan los pellejos de esa rosa
quel sol de la memoria ha achicharrado.
Vamos contando las islas desde el barco
adivinando puertos en los que nadie espera
llevado por las rémoras del miedo
enterrando la ciudad en el pasado.
El polvo sabe que no hay anclas en la lluvia
que a nadie más le importa si ha durado
si al fin y al cabo la trampa ha terminado
para entrar a la carne sin estorbos.
PUERTA DE POLVO
Ábreme la puerta, que vengo bordado
de alacranes, que anoche soñé.
Que no quiero hacerle daño a nadie.
Que tengo un tablao de tierra para
que se agarren estas garras minerales.
Ábreme la puerta que me voy,
que me voy, que me voy, que me voy.
Que hace cuarenta años que no soy
el barco hundido en el marullo de la carne.
Que me voy, que me voy, que me voy.
Al azul, al azul, al azul
prognosticando negros boleros de alabastro
al azul, de albatros, al azul
que me tiembla todo el hombre desde adentro.
Ábreme el lienzo, el pintado que fui,
el ahora mismito desgarrado por frío,
por venganza, por insomnio, por ganas
de esta vena maliciosa que apenas ya no sangra.
Por ustedes, poemas abiertos de la noche,
porque vuelven, como tierra movediza
del recuerdo, por ustedes, por ustedes.
Vayan saliendo ajenos brotando soledades.
Vayan saliendo. ¡Afuera! Adulen al silencio.
Que la noche vuelve a ser mía con ustedes.
Que ya sé que no quiero dormir porque no
tengo
lugar para soñar despierto lo que ahora sueño.
Palabras busconas, ábranme paso, al pájaro
lo tienta la cordura, que la piel se me va
erizando en plumas, que la piel, que la piel
es barco de papel autografiado, quel papel
e abra un tajo de agua la puerta
pordiosera.
(De Invitación al polvo).
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução por ANTONIO MIRANDA
KAVAFIS
Se vais regressar a Borikén,
já levas recorrido a metade do caminho;
o exílio foi generoso contigo e tu mesmo
compreendes
que apenas te fazem falta os ossos do destino.
Pensa, que nenhum companheiro compartilhará tua
solidão,
que a cidade te amou e entre suas ruínas foste
espírito de luz, sem haver estado morto,
e de noite era teu o corpo da noite.
Não temas ao Anjo que a cada madrugada
deixou sobre tua cama as palavras proibidas
que te transformaram em poeta,
teu coração sempre era azul de mar
e suas sereias não querem o teu naufrágio.
Não és o escolhido, e no entanto és
quem regressará com lâmpadas de gás
a desviar o curso de tantos furacões.
Não deixes que o perfume impaciente dos
flamboyants
precipite a imagem, encontrarás cântaros
plenos de água de arranjos para acalmar a sede
e covas de andorinhas de uma praia distante
devolverão a paz de tua infância.
E sobretudo, conhecerás viajantes cujo regresso
será testemunha daquela lembrança é carvão para tua
fogueira.
Lembra que nenhum companheiro compartilhará tua
solidão,
mas além disso, no caminho para Borikén teu barco
vai cruzar
com outro barco no rumo de Ítaca, e saberás
que regressam os guerreiros, que apenas repousaram
no puro gozo da carne.
E se ao chegar, Borikén é a mesma
que te obrigou ao exílio, sacrifica-a;
somente de berço e de tumba te serviu a terra,
e entre ambas, um homem entre os homens
cultivou as rugas em nada.
Não terás perdido tempo desperdiçando
tempo,
regressando a Borikén voltaste ao teu centro;
Borikén é o nome que te deram os deuses.
( De El libro de la muerte)
AGORA PÓ APAIXONADO
Ágora pó apaixonado de teu pó
e antes apenas caminhante de rua
olhos na frente de outros olhos solitários
leite final fugindo de nós adiante.
Pulso fatal que abranda o coração inesperado
distância recorrida de tua valeta à minha porta
reflexo fiel de tudo o que sou em todo o outro
instantâneo bolero nas trevas.
Que sou eu que não és tu se tu não és
espelhismo de pedra aquele mar quebra
se ao ser menos divino mais perduras
se ao sugar-nos os corpos menos resta?
Enamorado amor saciando-se em seu amado
fugaz amante do veneno nas veias
nos restamos pelos dessa rosa
aquele sol da memória incendiou.
Vamos contando as ilhas desde o barco
adivinhando portos em que ninguém espera
levado pelos obstáculos do miedo
enterrando a cidade no passado.
O pó sabe que não existem âncoras na lluvia
que a ninguém mais importa se durou
se afinal e ao cabo a armadilha terminou
para entrar na carne sem obstáculos.
PORTA DE PÓ
Abre-me a porta, que venho bordado
de escorpiões, que ontem à noite sonhei.
Pois não quero causar dano a ninguém.
Que tenho um tablado de terra para
que se agarrem estas garras minerais.
Abre-me a porta porque me vou,
que me vou, que me vou, que me vou.
Que fazem quarenta anos que não sou
o barco afundado no marulho da carne.
Que me vou, que me vou, que me vou.
Ao azul, ao azul, ao azul
prognosticando negros boleros de alabastro
ao azul, de albatroz, ao azul
que me estremece todo o homem desde adentro.
Abre-me o lenço, o pintado que fui,
o agora mesmo desgarrado pelo frio,
por vingança, por insônia, pelo desejo
desta veia maliciosa que apenas já não sangra.
Por vocês, poemas abertos da noite,
porque voltam, como terra movediça
da lembrança, por você, por vocês.
Continuem saindo alheios brotando solidões.
Continuem saindo. Prá fora! Adulem o silêncio.
Que a noite volte a ser minha com vocês.
Porque já sei que não quero dormir porque não
tenho
lugar para sonhar acordado o que agora sonho.
Palavras interesseiras, abram-me passo, ao pássaro
o atenta a cordura, que a pele vai me
eriçando em plumas, que a pele, que a pele
é barco de papel autografado, aquele papel
e abra um talho de água a porta
sem-abrigo.
(De Invitación al polvo).
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Página publicada em dezembro de 2022
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